NUNCA MAIS O DOCE E AMARGO DO TEU AMOR...


As folhas não cairão mais das árvores com a mesma pureza de antes, bailando em sincronia com o ar e denunciando nostalgicamente a chegada de uma nova estação.

Os seres humanos não confiarão mais uns nos outros, como outrora o fizeram, pois, o medo está presente em seus corações, assim como agora, também habita o meu.
           
Quem velará meu sono, doando-me abrigo nos próprios braços, se agora não há mais perdão?

Quem de vós, dos que derramarão lágrimas pelo pranto de minha morte, será o que mais sentirá minha falta? Ninguém?

Tais perguntas demoviam meu sono durante as madrugadas... Incansáveis noites...

 De todas as perguntas, uma era a que mais eu ansiava por respostas: será que ela pensava em mim?

Como a saudade me torturava!

Ela nunca estava por perto quando eu tanto precisava, quando estava, tornava penosa de mais a minha existência divido as dúvidas cruéis que me causava.

Como ela poderia estar tão perto e ao mesmo tempo tão distante? Já não bastavam os indiscretos telefonemas, que de tão insistentes, por vezes chegaram a cortar o ápice do gozo?

Algo em mim denunciava que os segredos que ela escondia por trás de seu lindo rosto, eram tão podres quando o que há de mais perverso nos seres humanos.

Nunca mais as folhas cairão das árvores como antes...

Acompanhada por seu amante, entrou em um carro preto para desfrutar dos prazeres da carne.

Depois de alguns poucos segundos meu celular tocou deixando soar aquela música que elegemos como crônica perfeita para nossa história de amor. Embalado pela voz de Cássia Eller, que cantava a música “No Recreio”, senti um aperto em meu peito e, no entanto, mesmo pouco, cheguei a negligenciar sua chamada. Mas, a insistência dela só fazia com que a nossa música ecoasse em meu espírito de uma forma tão cruel que, por fim, me rendi ao seu apelo.

Do outro lado, uma voz tímida ameaçou um sorriso, e com ternura me disse, ainda de boca cheia:

– Eu te amo...

Nunca mais as folhas cairão das árvores como antes.



Texto do livro "Depressão: delírios na madrugada" 
do escritor Jaddson Luiz
(A obra pode ser adquirida aqui pelo blog)

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